Lançamento: "Millôres dias virão"
Por Alyne Motta
Obra de Breno Serafini analisa a crônica do genial e
multiartista Millôr Fernandes, falecido no ano passado
Desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, tradutor e
jornalista. Assim era o genial Millôr Fernandes, falecido no ano passado. Como
forma de homenagear o multiartista, o escritor gaúcho Breno Serafini está lançando
o livro “Millôres dias virão”, com o selo Universidade da editora Libretos.
O livro é resultado de um estudo sobre a crônica do provocativo e instigante
Millôr. O autor faz uma análise da obra do multiartista, estabelecendo uma
contextualização histórica mais ampla e as relações entre humor, arte e papel
do intelectual consagrado.
Fartamente ilustrado por citações de Millôr, o livro proporciona uma excelente
aproximação ao homem e a uma parcela pouco lembrada de sua obra: as crônicas
publicadas nas revistas Istoé e Istoé/Senhor durante o período de
redemocratização do país e também do mundo.
Os temas abordados compõem um quadro que permite examinar as
formas com que se dá a leitura “milloriana” da realidade, em que, por trás de
um discurso por vezes escrachado, por vezes sério, desponta com extrema ironia
uma crítica dos fatos políticos e culturais de nosso tempo.
A obra de Breno será lançada amanhã, 5 de junho, às 19h, na Livraria Cultura do
Bourbon Shopping Country (Avenida Tulio de Rose, 80), em Porto Alegre. Além da
sessão de autógrafos, acontece um bate-papo entre o autor, o doutor em Letras
Antônio Sanseverino e o psicanalista Abraão Slavutzky.
O AUTOR
O escritor Breno Serafini é natural de Santiago, no Rio Grande do Sul, e
atualmente reside na capital gaúcha, Porto Alegre. Com doutorado em Letras pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), desenvolve pesquisa sobre a
temática humor & ideologia.
É revisor de língua portuguesa no Núcleo de Documentação da
Fundação de Economia e Estatística (FEE) e autor de três livros de poemas —
Mosaico Laico (2010), Geração Pixel (2011) e Bichos de todos os reinos (em
produção) — este último é infantil, ilustrado pelo cartunista MOA. Escreve
regularmente no blog Deleituras.
No trecho a seguir,
Breno reflete sobre o texto contundente de Millôr:
“Pai do jornalismo alternativo brasileiro, com seu “O
Pif-paf”, Millôr não se furtou a questionar nenhum matiz ideológico: desde as
crônicas (ou craquelês, dada a sua fragmentação e experimentalismo) de
resistência, com seus colegas de ‘O Pasquim’, ao alvorecer da abertura
política, e mesmo da democracia formal atual, sempre se pautou pela isenção de,
segundo ele mesmo, ‘recusar-se aos 10% a que teria direito’.
E, se somente isso já fazia dele um ser ‘ético’, que dizer de tal sociedade,
pautada por tal inversão. Sabedor de que a realidade sempre supera a ficção,
criticou impiedosamente, desde o autoritarismo reinante até os esquerdistas com
suas bolsas-ditadura. Ciente de que ‘a mala nada na lama’, não importando se
lido da direita para a esquerda ou da esquerda para a direita, incomodou a
muitos com sua coerência ‘gauche’”, coloca o autor.
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