segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Dama da Lagoa no Literaturma

MISTERIOSA MORTE DE JOVEM DE FAMÍLIA RICA VIRA NARRATIVA DE ÉPOCA

Por Israel de Castro

    Dois jovens apaixonados mas em crise. De famílias abastadas de uma cidade provinciana. Metade do século passado. Em um baile, pinta o ciúme e eles desaparecerem. No outro dia, só o rapaz é encontrado, perambulando pela cidade, ferido. A moça sumiu. Está morta. Quem a matou? Como morreu? Poderia ser a sinopse de um thriller do cinema americano, mas é um fato real que virou livro no Brasil. É dessa história que trata o excelente A Dama da Lagoa, do jornalista Rafael Guimaraens.
Rafael se valeu do depoimento de pessoas e dos registros na imprensa da época para reconstituir, de maneira romanceada, um dos maiores suspenses de Porto Alegre. Ao longo da narrativa, ele acompanha os indícios que tentam desvendar a morte da jovem Maria Luiza Häusller, cujo corpo foi encontrado na Lagoa dos Quadros, no caminho para o Litoral Norte.

    A menina de 17 anos, descendente de alemães, estava com o namorado, o também germânico e playboy Heinz Schmeling, antes de morrer. Ele alegou que ela se matara, enquanto ambos estavam no carro do padrasto dele, mas antes a moça teria tentado assassiná-lo com a arma encontrada no porta-luvas, motivada por uma discussão. A polícia trabalhava com a hipótese de homicídio, já que o rapaz confessara como escondera o corpo da namorada. Qual era a verdade?

     O livro começa com pitadas da vida boêmia de jornalistas da época, que passeiam por ruas da Capital de 1940. A viagem pela Porto Alegre também mostra o funcionamento da imprensa escrita. O repórter que descobre o recente desaparecimento da menina é proibido de dar o furo pelo chefe de seu jornal, o Correio do Povo. “– Guarde. Não vamos publicar”, diz o editor. “– Como não?! Está tudo aí”, rebate o outro. “– Ordens de cima”, conclui. Só na sequência, com a cidade em polvorosa com tamanho crime na alta sociedade, os jornais passam a acompanhar de perto as investigações.


     Das curiosidades jornalísticas, o livro passa à luta no tribunal. De um lado, um jovem advogado tenta provar a tese de Heinz, de que ele não é o assassino, mas vítima da namorada. De outro, polícia, promotor e o advogado da família de Maria querem que o júri condene o rapaz por assassinato. O veredicto está no livro, mas a verdade até hoje ninguém sabe.

Link para a matéria no site: http://literaturma.com.br/?p=992

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