quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Feira do Livro de Porto Alegre 2021 - Libretos híbrida

Libretos híbrida

Outubro e novembro/2021

Presentes e ligados!

Que saudades!!!! Faz dois anos que não encontramos os leitores fisicamente.

E a Feira de Porto Alegre está de volta! Assim, a Libretos volta para a Praça da Alfândega.

Libretos híbrida! Temos muitas novidades!

 

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Segue nossa programação híbrida, em primeira mão, para você...

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  Contos em podcast


No primeiro domingo da feira,  às 14h30, é a vez do lançamento do livro Perfumes e moscas. Ismael Sebben autografa seus  contos nesta obra premiada pela Secretaria de Cultura de Bento Gonçalves. Como diz o escritor Tabajara Ruas, na contracapa da obra, trata-se de um jovem veterano que nos surpreende já na estreia. Com seis contos em podcast, que podem ser acessados via QR code impresso no livro, você pode ouvir e ler ao mesmo tempo. E na voz do autor, que também tem formação em teatro. Trata-se também de um livro ilustrado, a partir da arte de Fábio Valle.

Autógrafos de Ismael Sebben  na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

31 de outubro (domingo) às 14h30













"Perfumes e moscas" é finalista na categoria contos do Prêmio Minuano de Literatura/2021.

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Lugares únicos


Isabel Boher vai fazer 90 anos. Conheceu mais de 400 cidades pelo mundo. Passava meses em um mesmo local, conhecia seus habitantes, e fotografava. Agora, quer voltar no tempo e fazer tudo de novo. Como? Através de um livro. Onde está Isabel apresenta os seus dez trajetos preferidos. Alguns destes lugares até já não existem mais. Outros não podem ser visitados. São 360 fotos coloridas e apresentação de Claudia Laitano. A renda obtida na venda é revertida para a Casa de Apoio Madre Ana da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.

Autógrafos de Isabel Bohrer na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre 

03 de novembro (quarta), às 16h

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Atmosfera visual


José Gerbase Filho – para nós, Zeca, o fotógrafo. Foi um artista e nos deixou este pequeno livro que agora está aí, na Praça. Sua visão atmosférica, natural e urbana materializou-se nas fotos  reunidas em capítulos: Zeca e a cor, as montanhas, São José dos Ausentes, Santa Catarina e Porto Alegre.  São 60 fotos, entre em cores e preto e branco. A obra tem organização de Francisco Gerbase e apresentação de Carlos Gerbase. Em outubro, a família estará reunida em um programa ao vivo, na Sala Libretos, dia 19, as 19h, no facebook/libretoseditora. A estreia deste programa na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre acontece em 3 de novembro, as 19h, no youtube/libretos100.




Autógrafos de José Gerbase Filho (em memória) na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

04 de novembro (quinta) às 17:30

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Raro deleite


Uma obra única, em muitos sentidos. Canto Quinto, Dante, edição ampliada, homenageia Dante Alighieri, a 700 anos do falecimento do Poeta florentino. Reproduz páginas com iluminuras da edição de 1902 da Divina Comédia. Reproduz a plaquete de 1920, Canto Quinto, com a tradução de Eduardo Guimaraens. E ainda a conferência realizada na confeitaria Rocco há cem anos. Para colecionadores. Colorido. Em setembro, vamos conversar sobre a obra em um programa ao vivo, na Sala Libretos (dia 24 de setembro, as 19h, no facebook/libretoseditora). A estreia deste programa na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre acontece em 4 de novembro, as 19h, no youtube/libretos100.


Autógrafos de Maria Etelvina Guimaraens

na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

05 de novembro (Sexta) às 17:30

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Um sonho de menino


O muro da casa amarela ainda está lá. Naquele morro onde a gente jogava futebol.  E a bola corria ladeira abaixo.... lá se ia o menino buscá-la. Um livro de lembranças coloridas que trazem de volta o Prado e o Estádio da Baixada.  A parceria entre texto e imagem acontece entre Antonio Martins e Moacyr Gutterres.

Autógrafos de Antonio Vicente Martins e Moa Gutterres (ilustrações) na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

05 de novembro (sexta), às 17h30

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Mulheres de Itapuã


Contar o que acontecera a Teresa exigiriam da autora Gabriela Coral um esforço: reunir muitas mulheres em uma só. Teresas de Itapuã narra essa multiplicidade. Ana, vinda de outra parte da mesma vida, com Teresa se encontrou e precisariam muito uma da outra. Confinadas em uma cidade fechada, eram afastadas da sociedade, pois estavam com hanseníase. Um bebê estava a caminho e algumas coisas estavam prestes a mudar a vida no leprosário...

Autógrafos Gabriela Coral na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

06 de novembro (sábado), às 17h30

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Objetos mágicos


A delicadeza de uma avó pode estar em seus pequenos objetos, desde que ela os amasse e que eles trouxessem as memórias de volta. Ivone Rizzo Bins, em seu traço a lápis colorido  tornou em cor e textura o que uma avó pode dizer a uma netinha. A mágica do Armário da vovó, poema declamado e desenhado, em uma obra tocante.  

Autógrafos de Ivone Rizzo Bins na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

07 de novembro  (domingo), às 16h











"O armário da vovó" é finalista na categoria infantil do Prêmio Minuano de Literatura/2021.

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Trilha inesquecível


Um livro com trilha sonora. Os fãs saberão de quem se trata. Guilherme Giugliani cristalizou seus personagens e sua narrativa em um tempo chamado juventude. Aquela onde passamos em nosso quintal, mesmo que ele esteja a milhas e milhas  e milhas de qualquer lugar. Em Nossos sonhos são os mesmos, temos a história de dois amigos: .... e Gegê. E, é claro, uma menina. Em Porto Alegre ou no litoral esta é uma viagem que tem o som de uma banda de engenheiros.

Autógrafos de Guilherme Giugliani  na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

07 de novembro (domingo), às 17h30

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Depois do aguaceiro


No sertão brasileiro, e dentro de nós, também há enchentes. Iranice, baiana, nos conta em poema sobre essas tais enxurradas. Sabe até sobre a  velocidade das águas que carregam a vida junto. Nos barracos ou sobrados, e mesmo entre fantasmas, o que sobra pra gente é sobreviver. E manter o bom humor. Seu sorrisinho permanente se ouve a cada verso. Poema com sotaque de Brasil, que segue entre desmantelos.

Autógrafos de Iranice Carvalho da Silva na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

08 de novembro (segunda), às 17h30

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O fogo agridoce


Para o amor, o mel; para a guerra, o dendê. Junte os dois e dá um tempero especialíssimo; um livro Mel e Dendê. A autora, militante, joga poesia pra gente; torna público o protesto, da morte quer ser amiga; dá o tom de todo dia na luta por cada dia; e a força para levar com rebeldia; tem a dança, tem  gingado, e a alma da mulher preta. Fátima Farias, em poesia viva.

Autógrafos de Fátima Farias na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

09 de novembro (terça), às 17h30

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Entre o mar e o céu



Susana Vernieri tem a capacidade de trabalhar com as palavras sob diferentes fórmulas matemáticas e abre Um copo de mar com quatro tipos de propostas:  tanka, haikai, rondó e limerick. Depois de provar que consegue ser tradicional, libera seus versos e nos apresenta um litoral gaúcho, fora de temporada. Acompanhada de figuras no espelho, ideias de solidão e morte,  um bom e quente chimarrão, a autora nos faz refletir sobre a saudade, o amor, a natureza e a insuportável ausência dos seres amados. Ela autografa esta obra e outras de sua editora  Calypso, como O boxeador, Céu de Amor e Linha morta (finalista do Prêmio Minuano/ IEL 2021 - Na categoria Contos).  Em outubro, faremos um bate-papo com a autora, em um programa ao vivo, na Sala Libretos (dia 23 de outubro, as 19h, no facebook/libretoseditora). A estreia deste programa na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre acontece em 8 de novembro, as 19h, no youtube/libretos100.



Autógrafos de Susana Vernieri na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

09 de novembro (terça), às 17h30.

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Levanta e grita


Carta Aberta ao Demônio é uma proposta de ação. Falar sério, sem rodeios. Direto ao ponto, direto à própria besta , sem medo e com muita razão. O livro também traz poemas de outrora e de alhures. Até sobre a identidade, pra resumir o autor, Ricardo Silvestrin.  A obra é impressa em vermelho e preto, e composta com ilustração de Leo Silvestrin. Em outubro, vamos promover um Grenal de poesia, com o autor de Poemas Azuis, em um programa ao vivo, na Sala Libretos (dia 20, as 19h, no facebook/libretoseditora). A estreia deste programa na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre acontece em 9 de novembro, as 19h, no youtube/libretos100.




Autógrafos de Ricardo Silvestrin e Leo Silvestrin  (ilustrações) na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

10 de novembro (quarta), às 17h30

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Uma onda de querer


Poemas Azuis dá o tom do amar. Do querer, querer dizer. Dos temores de perder, dos encontros e derrapadas, das mensagens trocadas e um quase nada de saudade.  Um tom de paz, de flor, de esperança, e de rancor, porque o poeta não é de papel.  Um livro que sente e faz sentir. De Sandro Santos, com pinturas da artista plástica Vera Rotta. Em outubro, vamos promover um Grenal de poesia, com o autor de Carta Aberta ao Demônio, em um programa ao vivo, na Sala Libretos (dia 20, as 19h, no facebook/libretoseditora). A estreia deste programa na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre acontece em 9 de novembro, as 19h, no youtube/libretos100.




Autógrafos de Sandro Santos e Vera Rotta (ilustrações) na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

10 de novembro (quarta), às 17h30

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Pelo Brasil 


Tem apelido de Francesinha Cajuína por andarilhar pelo Brasil, cantando e rodando em sua bike de bambu, quando não está em Porto Alegre, lugar que escolheu para morar. Como num romance são crônicas de Cha (Charlotte) Daffol, cineasta, fotógrafa e cantora. Adotou o país tropical e, durante sua estada nas comunidades do Rio de Janeiro, produziu textos sobre um cotidiano pra lá de incomum. Dirigiu e produziu o filme premiado sobre o Boca de Rua, jornal de moradores de rua em Porto Alegre e tem uma banda chamada Chá e Queixada.

Autógrafos de Charlotte Dafol na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

12 de novembro (sexta), às 17h30













"Como num romance" é finalista na categoria crônicas do Prêmio Minuano de Literatura/2021.

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Força negra


Seis trajetórias de mulheres negras, diferentes entre si. As autoras Ana Dos Santos, Carmen Lima, Fátima Farias, Delma Gonçalves, Lilian Rocha e Taiasmin Onhmacht propuseram As travessias de Amanaã, textos, poemas, reflexões com suas vivências. De um jeito que o leitor seja envolvido em  experiência de união, resistência e identidade. A mesma cultura, na diversas tonalidades de estilo, unidas pelo gênero e etnia.

Autógrafo coletivo das seis autoras de Amanaãs  na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

12 de novembro (sexta), às 18h

no Memorial do Rio Grande do Sul

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O colapso social


Uma narrativa afiada sobre uma sociedade trêmula. Em A filha do Dilúvio, Miguel da Costa Franco não faz concessões. Traz, ainda que com a elegância de estilo alcançada após muito cuidado e trabalho,  a profundidade dos abismos sociais. As instituições não-confiáveis; os cidadãos desamparados, obrigados a opções radicalizadas, que  surpreendem pela dose de atualidade. Seria uma distopia se não se tratasse de nosso presente.  A ao vivo na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre acontece em 11de novembro, as 16h, no facebook/libretoseditora.


Autógrafos de Miguel da Costa Franco na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

Dia 13 de novembro (sábado), às 17h30

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A vida surpreendente de Carolina Machado de Assis


Se houvesse uma biografia de Carolina poderia ser esta. Sua voz, seus cuidados, sua origem, sua ambição. Uma mulher por trás de um gênio. Corrigindo seus escritos, transcrevendo-os, vendo-os nascer, hoje, títulos notórios. Seriam as obras seus filhos não tidos? O livro de Carolina. A improvável biografia de Carolina Machado de Assis, de Rosa Busnello, é um romance recheado de correspondências originais, e um toque de requinte em sua construção literária.  



Autógrafos de Rosa Busnello na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

13 de novembro (sábado), às 17h30

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Bolita de gude Memórias de infância

Um avô tem, na garagem,  um baú de memórias. Se ninguém o abrir para organizar, reviver, reinventar, esse baú perderá a função de materializar os sonhos de um tempo perdido. O vovô Biel tinha um baú assim. E um saquinho de bolinhas de vidro coloridas. Foi o suficiente para fazer o neto se interessar pelas muitas histórias. O menino também tinha seus segredos, e afinal, o vovô poderia ajudá-lo.

Autógrafos de Rafael Guimaraens e Moa Gutterres (ilustração) na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

14 de novembro (domingo), às 16h

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Mergulho no submundo


No romance 1935, Rafael Guimaraens propõe um mergulho no submundo de uma cidade que se moderniza e aprofunda seus abismos sociais. Porto Alegre prepara-se para a grande Exposição do Centenário Farroupilha. Todos estão inquietos. Dyonélio Machado sonha com a revolução, Aparício Corá de Almeida investiga quem matou Wlademar Ripoll e a chanteuse Juliette Foillet, que só quer recomeçar a sua vida.  O jornalista Paulo Koetz percorre becos, vielas, espeluncas em busca de boas histórias. 

Autógrafos de Rafael Guimaraens na 67ª Feira do Livro de Porto Alegre

14 de novembro (domingo), às 16h

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quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Edição fora da curva.

 

Na leitura de A edição contemporânea fora da curva: testemunhos de editores brasileiros e portugueses (título original da dissertação apresentada à Universidade de Aveiro por Jessica Caroline Kilpp, Mestre em Estudos Editoriais, em 2021), logo fui compondo um universo no qual estamos inseridos e batendo cada ponto com a nossa prática. Afinal, dentre as entrevistadas, está a Libretos.

 As editoras apontadas neste trabalho seriam exceções no mercado. Possuiriam “algo de diferente”. Já na introdução, sentimos a primeira identidade com a Libretos. Somos, sim, uma empresa que promove a bibliodiversidade.

No espaço editorial de 1990, havia um domínio de gigantes. E nos tornamos uma editora empresarial, sim, preocupada com metas de tiragens e vendas, mas promovendo a bibliodiversidade. Fazemos livros sem apelo comercial e sem prospecção de lucro.

Entendi que sim, pesamos pouco no jogo, mas “asseguramos a razão de ser o que justifica nossa existência” (Bordieu/J. Kilpp). Nos identificamos com a qualidade de nossos autores.

Concordamos com Jessica e os conceitos pesquisados. Sim, o editor é um agente-duplo (Bordieu, 2018). Precisa combinar competência literária e realismo econômico. Sim, sofremos ameaças de políticas neoliberais e concentração do setor. Focamos no que está sendo publicado e em quais as ideias que circulam.

Nos identificamos com isto: a edição é uma atividade social, cultural e transformativa – “feita por aqueles que estão ao lado da  justiça social”(Hawthorne, 2014). Ninguém nega a importância de grandes editoras e destacamos: “Tornaram o livro acessível às massas gerando transformação social” (Kilpp, 2021). Porém, o fato de a editora ser grande não significa que o catálogo é diverso.

Propomos ideias novas e controversas/vozes literárias mais desafiadoras. Sim, o panorama no mundo dos livros é a redução da qualidade dos processos. Somos autônomos em decisões editoriais desde o catálogo à escolha dos processos de produção. Temos foco nos lançamentos e fundo de catálogo. E concordamos: os leitores devem estar expostos a diferentes vozes.

Alguns pontos que destacamos abaixo fazem parte do nosso universo na prática e confirmamos a importância da pesquisa de Jéssica.

• Sim! O espaço editorial é pluridimensional! “O independente encontra-se enredado”(Muniz, 2016)

• Definimos e descrevemos as práticas a partir de nosso entendimento sobre produção editorial.

• Temos “qualquer coisa de diferente”.

• Temos autonomia de decidir o que publicar. Pretendemos ser “um projeto intelectual e relevância perene” (Muniz, 2016).

• Criamos comunidade e centramos no que perdura (que lindo isto!).

• Sim! A Libretos não é só “um carimbo comercial”.  Temos uma identidade,  uma produção editorial específica.

• Somos uma editora “nanica”, mas o bastião de resistência das forças do mercado.

• Somos uma editora com autonomia em relação à política social.

• Vivemos em bibliodiversidade (capacidade do setor de edição produzir obras diversas).

• Preservamos e fortalecemos a pluralidade e a difusão de ideias (Aliança Internacional das Editoras Independentes).

A edição fora da curva,  de Jessica Kilpp, é uma obra fundamental em um mercado que se entende autodidata. E se consolida como mais um documento básico e fundador na construção de uma profissão ainda em andamento.


                                                                                                                                 Clô Barcellos

 

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

HÁ VOZES NA POESIA DE IRANICE

       HÁ VOZES NA POESIA DE IRANICE 

 

Susana Vernieri - escritora

 

Há um diálogo subliminar com a tradição na poesia de Iranice Carvalho da Silva. Seu livro de estréia, Escritos da Sobrevivência (Editora Libretos, 2020, 116 pgs.) traz as vozes de Carlos Drummond de Andrade e Manoel de Barros, para citar apenas dois robustos mestras da palavra, correndo pelo rio subterrâneo da linguagem. Um profundo questionamento sobre o ato de escrever também percorre os versos da escritora. Composto por três partes – Parte I: Desmantelo, Parte II: Enchentes e Parte III: Sobrevivências –, a obra contém ilustrações de autoria da própria poeta que dão ainda mais um tom de delicadeza ao texto.

O poema XIII da primeira parte, guarda uma familiaridade com os versos do poeta brasileiro Manoel de Barros, sempre atento aos ínfimos objetos que por serem mínimos são ricos de essência. “Cigarras são insetos/Alguém me informou/Que horror, como a ciência é injusta, pensei/Para mim as cigarras eram mensageiras do Natal//Grandes abelhas de vidro/Agora de volta ao interior/As escuto de novo/Lembrando-me de meus dias de infância/Quando o calendário era anunciado pela natureza.” O espanto com a condição de inseto das cigarras que a ciência lhes rouba é reconfigurado pela metáfora: mensageiras de Natal. A infância e um tempo marcado pelo relógio da natureza dão o tom do arremate do poema: tempo mágico.

 

O diálogo com Drummond é bem marcado pelo poema XXII da terceira parte: “E agora, José?/A internet desconectou/O computador pifou/O telefone falhou/E o helicóptero do governador passou.” O poeta mineiro é convocado a dialogar com Iranice em seu, outra vez, espanto, e dessa vez, a respeito da incomunicabilidade. Aliás, a questão da escrita, ou comunicação do que o ato de escrever pode ou não gerar, está no poema de abertura do livro. “Escrevo/Por necessidade/Não vivo de escrever/Vivo por escrever/Para que serve escrever?/Para nada, só para não morrer./Escrevo em conta-gotas/O pensamento vai caindo letra a letra;/Se escorresse como um rio logo me curaria de mim./Mas quem ficaria em mim?/Como me habitaria?”

Os poemas de Iranice são uma lufada de ar generoso na cena poética contemporânea. Esta baiana nascida no interior da Bahia na cidade de Campo Formoso, em 1988, mudou-se para Salvador onde formou-se pedagoga pela UNEB e especialista em psicopedagogia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). É uma “baiúcha”, pois viveu no Rio Grande do Sul de 1995 a 2008 para realizar os estudos de pós-graduação na UFRGS. Atualmente é professora adjunta da UNEB e mora na cidade de Lençóis, na Chapada Diamantina.

 

 

 

sexta-feira, 16 de outubro de 2020