Eleutério Paredes é daqueles personagens
que conquistam a simpatia e a cumplicidade dos leitores. Um corretor
imobiliário, em crise existencial, deseja ver sua cidade mais humana, em um
idealizado cenário de crescimento sustentável. Atrapalhado em instáveis
relações afetivas com sua jovem filha, Teté Paredes, como é chamado pelos
amigos, descreve um mundo real que nos cerca em uma inevitável reflexão. As
pessoas, afinal, lutam por si mesmas, independentemente de regras, moral e
solidariedade, ou seria ele apenas um desajustado? Corretores, jornalistas,
vândalos e outros cínicos atordoam sua vida, em um misto de golpes baixos e
alguns lances de sorte. Paredes luta, com instintiva e surpreendente ironia,
para preservar seu casarão (e a sua dignidade) em meio a um mercado imobiliário
corrosivo e corrupto, sofrendo imposições físicas e psicológicas. Em contraponto,
um romance com a antiga namorada é retomado, trazendo esperança à narrativa.
Eleutério Paredes torna-se um Dom Quixote e lutará, com sua fiel funcionária,
Dasdô, contra gigantes que nada têm de fantásticos. Conseguirá o seu intento ou
estará tudo dominado?
“Sair do sobrado, para Teté, equivaleria a
perder para sempre as esperanças? O que ainda esperava da vida Eleutério
Paredes?
Viver outra vez um grande amor?
Sim, gostaria. Mas já atingira o que ele chamava
de “idade da invisibilidade”, em que escasseiam sobre si os olhares desejosos.
Graça ultrapassara as fronteiras dessa chama luminosa e fugidia, chamada
esperança, e tornara-se um sonho improvável.
Bebel abandonar suas maneiras hostis?
Sim, seria bom, ele também gostaria.
Viver numa sociedade mais justa?
Desse pensamento mágico, já se desapegara
há muito para sofrer menos. Optara por fundir-se despreocupado aos quarteirões
que o haviam acolhido desde menino e deixar a cidade crescer no entorno, com
suas injustiças, seus arrulhos de motores, bate-estacas e serra-fitas.”
O lançamento acontecerá no dia 18 de abril, às 18h na 2ª Festa da Leitura que será na Usina do Gasômetro.
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