quarta-feira, 17 de junho de 2015

Roteiro de leitura para o livro A vaca azul é ninja

A Vaca Azul  é Ninja é má?

A proposta é fazer você ler um livro de bolso. Com ideias mirabolantes (no sentido de bombástico, estrondoso, dantesco, espantoso, extraordinário, feérico.).
Claro, o livro trata sobre a sociedade contemporânea.

Duas observações, logo de início:
1. A Vaca Azul é Ninja é o nome e sobrenome da nossa heroína, também chamada, por vezes, a Guampira Desalmada.

2. Você vai identificar pessoas próximas com os personagens, pessoas contra as quais você já deve ter desejado agir tal qual a Vaca Azul é Ninja, contra as que encontra em “uma vida entre aspas”.

Abra o livro, e aqui estamos sugerimos um roteiro de leitura.

Capítulo I, página 16.
A cena acontece entre a Vaca Azul é Ninja e alguns personagens: um jogador de futebol, um jovem mauricinho, dono de uma loja de carros e uma jovem que “julgou fútil”. Em cada um, a Vaca, literalmente, “baixa o cacete”. Você pensa: – Diacho, o que é isto?

Agora na página 30, o capítulo III, de um só fôlego, enfatize a leitura a partir das ideias do texto, que lembram diretamente os desenhos animados, com uma violência de faz-de-conta, meio Tom e Jerry ou South Park. Nesta parte, a Vaca atua junto a dois hipsters, um ouvinte de imbecilidades em seu carro pleno de som, um arquiteto salafrário, as senhoras do shoping Molinhos (sim, o nome do shóping é este mesmo). Novamente, a Vaca ataca a todos, sempre  justificando seus atos com “mil e uma” citações entre aspas. A Cultura faz o homem (e a Vaca).

Dica importante: não dê tratos a procurar entender o que significam os títulos dos capítulos. O autor criou um quebra-cabeças. Foi um livro montado como se embaralha cartas. Afinal, neste mundo tão complexo, por que escrever em linha reta?
A leitura da bibliografia sugerida nas notas explicativas e em algumas partes do texto será o gran finale no caminho a percorrer.

Na página 45, você percebe que um narrador entrou definitivamente em cena e se chama Jey Jey. Guardar este detalhe. Aqui, o autor apresenta o habitat da Vaca e seu comportamento em grupo.

Pule para a página 55. Ler somente uma página e perguntar-se: o que será que ela quer dizer com “rolezinhos do saber”?

A partir deste ponto do livro, tente antecipar o que a Vaca fará. Esta tarefinha interativa servirá para você checar se está acompanhando. Você faria o mesmo? Por que a Vaca Azul é Ninja fica indignada e explosiva com as atitudes de pessoas tão diferentes entre si? O que elas poderiam ter em comum? A Guampira poderia optar pela ponderação? Para que serve tudo o que ela leu? Ou ela está lendo o que não devia?

Após alguns registros de suas respostas, pare de pensar e leia a página 60. Somente o início, os dois primeiros parágrafos. Ops. Ela luta até contra um padre? Claro, existiu  a inquisição e muitas injustiças cometidas pela Igreja… e... Ok. Você embatucou. A estas alturas, ou você não sabe se concorda com a Vaca ou a detesta e quer matá-la. Essa Vaca se acha dona da verdade? E pobre de quem discorde da Desalmada.

Na página 68, você encontra uma reflexão, como muitas que vão fazer você voltar ao livro. Uma de cada vez. Não se apresse.

A Vaca encontra, em algumas linhas à frente, uma mocinha que não está nem aí para os clássicos da literatura, não os conhece e nem os quer conhecer. Ela está em uma biblioteca, interessada em outra literatura, que a Vaca “acha fútil”. Pensando bem, com a internet, estamos de fato, em uma biblioteca. As obras estão acessíveis de alguma forma. Então, chega a hora da verdade. A hora em que a Vaca e você se questionam. Ela, ao próprio método vil e animal. E, você pois precisa responder: como eu estou agindo nesta biblioteca? Agiria tal a menina, diretamente, ou teria interesse em conhecer aquelas obras? Vê sentido em compreendê-las? Ou deveria sempre reagir a tudo pela violência, como se tivesse a doença da vaca louca?

Um exercício pode entrar neste roteiro de leitura, em um intervalo prático: em grupo, em uma sala de aula, cada grupo poderia escolher uma parte da história desta Vaca muito doida e tentar dramatizar.  Seria audacioso, porém daria materialidade à narrativa, e afinal, fica mais fácil nos colocarmos no lugar da Vaca. Não é nada fácil julgar sem experienciar. Nada melhor do que aprender a tese na prática.

Na página 72, leia em “Foi de repente…”, no terceiro parágrafo. O que ela faria com a mocinha que troca a Odisseia por um livro banal? E o que tem a Vaca a ver com isto? Finalmente, se você estiver apto a entrar ainda mais na brincadeira, pergunte-se: A Vaca Azul é má?, lendo a página 77.

Depois de um certo convívio com este livrinho, ingressando nesta ordem sugerida, ou em uma ordem linear, ou em uma ordem nova, inovadora de leitura, temos certeza de que você consegue descobrir que a Vaca vira hit das manifestações sociais sem o desejar, e que ela, ensimesmada, repensa seus métodos. Finalmente, ela poderá sugerir que você encontre caminhos próprios (aponta um ou dois, muito especiais...).

Não gostaríamos de apontar uma parte final para este roteiro. Se você ficou curioso para saber o que faria a nossa bixuxa, temos certeza de que descobrirá o seu final.

Ler, afinal, é um exercício aeróbico mental. Do tipo que areja a mente, sabes? E faz crescer.

Serviço:

Livro: A Vaca Azul é Ninja em uma vida entre aspas
Autor: Jéferson Assumção
Editora: Libretos (www.libretos.com.br)
Coleção Libretos Poche (livros de bolso)
Edição: 2014
Valor sugerido: R$25,00




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